Qual a razão da sua fé?

Postado por Anderson L. On 18:35

Certa vez, estava conversando com um amigo, e ele me relatava sobre sua dificuldade em se manter firme na fé em Cristo, e principalmente, não apenas na fé, mas, também na obediência (algo muito negligenciado hoje em dia). Ele me dizia, que era muito difícil ser cristão, e que tinha grande dificuldade para abandonar certos hábitos pecaminosos que tinha antes de se converter. Em certo ponto de nossa conversa eu comecei a refletir e lhe perguntei qual era seu motivo para querer ser obediente a Deus. Ele não teve qualquer tipo de falsa piedade e abriu seu coração para mim: “Cara, eu não consigo ser hipócrita com Deus. Quando oro eu falo, para Ele, que sou interesseiro, quero ter uma casa boa, esposa bonita, um bom emprego e desfrutar de uma vida “abundante” sem doenças e essas coisas! Eu quero obedecer a Deus, por que quero que ele me recompense por isso. E claro eu quero obedecer a Deus para ter minha salvação, não quero ir pro inferno”.

Esse amigo, me fez definir o seu cristianismo como “um fardo”. E ele próprio concordou que era dessa forma que sentia, tendo de abrir mão de muitas coisas para servir a Cristo. Não que ele pensasse ser isso o correto, mas ele estava sendo extremamente sincero comigo, da forma como deveríamos ser quando esperamos que alguém nos ajude, e por isso me relatou sua dificuldade e seus motivos para ser cristão.

Ora, ele está errado? Podemos pensar que não! A bíblia realmente nos incentiva a pedir e a confiar nossas necessidades a Deus. Da mesma maneira, muito do que fazemos deve ser na esperança de uma herança nos céus, de uma salvação e convívio eterno com Deus. O que a bíblia não nos ensina é a obrigarmos Deus a nos abençoar, profetizar, determinar e todas as outras palavras chave da confissão positiva. Porém não vejo como uma idéia correta a idéia de que o obedecer a Deus nos traz bênçãos. Se Deus faz chover tanto ao bom quanto ao mal, será que por ser cristão tenho direito a bênçãos melhores? Penso que não. Para mim é inconcebível fazer uma entrevista de emprego pedindo que Deus me dê aquele emprego por eu ser fiel, sendo que muitos outros candidatos, a vaga em questão, talvez sejam mais preparados que eu, e possam render muito mais a empresa.

Para esse amigo, grande parte dessa dificuldade se dá pelo fato de que ao pedir essas coisas a Deus, por mais que ele saiba que tudo acontecerá segundo a vontade de Deus, por várias vezes ele se frustra, pois “pede muito e nada recebe”! Com a falta de resposta positiva as suas questões, esse meu amigo se questiona se realmente está no caminho certo, se Deus o está ouvindo, se vale a pena obedecer a Deus, já que não tem conseguido obedecer 100% e várias outras questões que uma pessoa com crise, existencial e espiritual, faz a si mesma.
Refleti por alguns segundos na sua declaração e lhe disse que ele não é o único a servir a Deus por esses motivos. Praticamente todos que são cristãos o são por tal motivo. Porém não deixei de expressar a ele, o que penso sobre isso e qual a razão da minha fé. O que eu disse, a meu amigo, é praticamente o que expressarei agora de forma resumida.

Sabem qual a razão da minha fé? Deus! Pura e simplesmente Deus! Não pelo que Ele me deu, me dará, me fez, me fará, me prometeu, cumpriu, cumprirá etc... etc... etc... Mas sim por quem ou o quê Deus é! Se Jesus não tivesse morrido na cruz, se não existisse um inferno, se não houvesse um céu o qual eu pudesse almejar, se não houvesse um julgamento futuro no qual eu pudesse ser condenado ou inocentado, se não houvesse culpa, ainda assim, eu serviria a Deus! Sei que essa declaração parece conter pouca verdade, pois, de certa forma, um senso como esse não é inerente ao homem, mas é a verdade!

Para mim, Deus é Deus por sua obra da criação, e pelos seus cuidados para com essa mesma criação. O que me dá cada vez mais vontade de servir a Deus é o prazer de me relacionar com ele, dia após dia. Entendo perfeitamente o que Pedro nos diz:

“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” 1 Pe 3:13

Sei que Pedro está nos incentivando a demonstrar nossa esperança em bênçãos futuras, como nossa salvação e isso através de um conhecimento, claro, sobre o motivo da morte de Cristo, e das implicações que tal sacrifico, juntamente com sua ressurreição, trazem para nossa vida. Mas ainda assim, não consigo ter fé em Deus por que ele me salva de um julgamento vindouro! Para mim, Deus é muito superior a tudo isso, e merece ser Deus e ser louvado em toda e qualquer circunstância.

É essa uma idéia diferente, e estranha a realidade humana? Sim é! Mas penso... não era assim que pensava também Jó? Será que Deus era Deus pra ele, pelo que fazia em sua vida, ou por quem o próprio Deus É? Penso eu, que se a razão da fé de todos os cristãos fosse apenas essa, teríamos um cristianismo diferente. Que adoraria a Deus por quem ele é. Um cristianismo que teria prazer em apresentar Cristo ao mundo, não apenas por obrigação, mas por querer ver mais pessoas servindo ao Deus verdadeiro. Um cristianismo, que se importaria mais com as pessoas, pois entenderia que Deus é quem mais se importa com as pessoas, e se ele faz isso como nós podemos nos importar mais conosco do que com o próximo?

Assim como Deus disse de seu filho “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”, antes mesmo que Jesus tivesse feito qualquer obra, gostaria também de ver os filhos de Deus chamando seu Pai de amado, apenas por quem ele é, e não pelo que ele nos faz...

Dessa forma, o cristianismo que vivo é uma alegria para mim. Não que eu não tenha problemas, crises e dificuldades sejam sentimentais, profissionais, psicológicas ou espirituais. Mas, independente do que me suceda, tenho prazer em servir a Deus, pois sei que ele merece minha adoração. Para mim, a luta contra o pecado, por mais difícil e dolorosa que seja, é feita com prazer, pois é para agradar aquele me amou antes mesmo que eu pensasse em agradá-lo.

Ao fim da conversa, meu amigo concordou comigo que se ele conseguisse ter esse tipo de relacionamento com Deus, seria muito mais feliz, pois não teria frustrações. Ele disse que tentaria rever a razão da sua fé.

Espero que esse texto possa ser útil para que venhamos a refletir sobre a razão da nossa fé, e se é possível servir a Deus por quem ele é!

Mas enfim, fica a pergunta: Qual a razão da sua fé?
Anderson Luiz. S Costa

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